Se você tem a sensação de que o crescimento do mercado financeiro em busca de rentabilidade e diversificação é um fenômeno recente, não se engane. Em 1850 nascia Eufrásia Leite, a primeira mulher brasileira a investir na bolsa de valores, mas que já trazia conceitos de investimentos super avançados antes mesmo da bolsa brasileira nascer, por exemplo.
Eufrásia se tornou uma figura histórica tanto para a sua época, como nos tempos atuais, ao conquistar, através dos investimentos, sua independência financeira em uma época em que isso não era comum, especialmente para as mulheres. Quer saber mais sobre o poder dessa mulher e tudo o que ela realizou? Continue a leitura.
A história de Eufrásia Leite
Eufrásia Teixeira Leite nasceu em 1850, na cidade de Vassouras no interior do Rio de Janeiro. Integrante de uma família rica, neta do barão de Itambé e do barão de Campo Belo, a moça contou com uma educação diferenciada para a época. Desde muito jovem, Eufrásia e sua irmã aprenderam a lidar com números e dinheiro, por incentivo do pai.
Preparada para cuidar da fortuna da família, em 1872, Eurásia e sua irmã ficaram órfãs e se mudaram para Europa. Foi a partir daí, com parte da herança que Eufrásia começou a operar na bolsa de valores. Na época, as mulheres não tinham permissão de realizar a compra e venda de ativos de forma direta. Então, a negociação era feita por intermédio.
Mesmo assim, isso não impediu a impediu de adotar um perfil agressivo e diversificado de investimentos, que resultou em uma fortuna estimada em 37 milhões de réis. Ao longo de mais de 50 anos investindo, ela chegou a ter negociações ligadas a 13 países diferentes e em 9 moedas distintas, incluindo as bolsas de Nova Iorque, Paris e Londres.
Ações de grandes empresas
Entre suas ações, sempre priorizou títulos de grandes empresas. Alguns destaques são:
- Companhia Antarctica Brasil, que se tornaria a Ambev;
- Setor ferroviário, tendo papéis da Cia. Mogiana de Estradas de Ferro e Cia. Paulista de Estradas de Ferro;
- Setor de tecelagem com ações da Tecelagem de Seda Ítalo-Brasileira e da Companhia América Fabril & Cia.
Além de ações, Eufrásia investiu também em títulos públicos, moedas e debêntures. Segundo registros, seu patrimônio final acumulava ações de quase 300 empresas diferentes em todo o mundo.
Após a morte de sua irmã em 1899, Eufrásia retornou ao Brasil definitivamente em 1928.
No dia 13 de setembro de 1930, devido a problemas nos rins, ela faleceu em seu apartamento em Copacabana, no Rio de Janeiro. Como nunca teve filhos, sobrinhos ou herdeiros próximos, destinou sua fortuna para instituições educacionais e de caridade de sua cidade natal, Vassouras.
Sua residência em Vassouras se tornou o Museu da Casa da Hera, onde é contada sua história e a sua herança deu origem a instituições como o Instituto Feminino, o Colégio Regina Coeli, o SENAI da cidade além do Hospital Eufrásia Teixeira Leite.
Reconhecimento internacional
O nome de Eufrásia começou a ser notada logo nos primeiros anos de seus investimentos, já que ela era uma das poucas mulheres que investiam na bolsa naquela época. Com muita sabedoria, ela fez fortuna e foi reconhecida pela ONU e pela B3 como a primeira investidora brasileira na bolsa de valores.
Sua história fica ainda mais emocionante quando pensamos tudo o que ela enfrentou. Além das dificuldades ligadas ao gênero, ela também enfrentou outros desafios com seus investimentos, passando pela Primeira Guerra Mundial, pós-guerra, além da Grande Depressão de 1929. Sua história é uma das mais marcantes da bolsa de valores nacional e vem servindo de inspiração para muitas mulheres e profissionais da área.
Inspirador, não é mesmo? Para ler mais histórias como essa, continue acompanhando o blog. Até mais!